terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Quando o homem decidiu ser máquina

Quando o Homem decidiu ser máquina
Desfragmentou-se em milhares de peças de solidão.
Nada restava já de consistência, uma única sensação de satisfação.
Deambulava transviado, num rumo apocalíptico sem fim absoluto,
O calor derretendo as porções de Homem separadas pelo tempo,
Partículas astronómicas sem solução na ciência,
Agitadas na ignorância e na prestidigitação…
Estar à espera, ou procurar?
O mundo terminou, o Homem já é engenho,
E os seus fragmentos apenas fósseis milenários,
Inusitados, frágeis, mas tão sublimes!
Desertor robotizado, anti-social, sem fé.
Procurar, definitivamente.
Com tantos maquinismos promissores, sem defeitos,
Como pôde uma máquina tão perfeita falhar?
Vaticínios de extinção esperam desde esse momento,
Marcados na agenda universal.
Reunir ou escapar... eis o que resta.
Poções mágicas, orações ou solstícios,
Restaurar a loucura lógica própria do ser humano,
O desejo, a paixão, o amor.
Ambicionar eternamente o sonho, a felicidade, o entendimento,
Combatendo os automatismos, restaurando o pacifismo, a compaixão.
Como pôde o Homem desejar uma morte automática,
Respirando tanta vida?
Quando o Homem decidiu ser máquina, o Cosmos estremeceu,
O Homem acordou, e o seu coração pulsou. 
03-03-2010

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