sábado, 7 de janeiro de 2012

Vem, leva-me.

Vem, leva-me.
Há esta impotência em mim que não me permite mover-me.
O vento sopra e aqui permaneço.
Só tu me podes levar a lugares onde posso respirar,
Onde o céu acorda os nossos sonhos matutinos,
Onde os dias nos sussurram aos ouvidos o poder das estrelas.
Vem, leva-me.
Prende-me em ti com cadeados de arco-íris,
Prende-me na serenidade do teu templo sagrado,
Quando a noite chegar já não existirão mais receios,
E as lágrimas de outrora regarão então as flores do meu jardim,
Um segredo construído com o fervor de um beijo…
Vem, leva-me.
Existe nas tuas asas o mesmo poder do coração,
As nuvens carregam-nos até portos desconhecidos,
Cujas águas são um reflexo da melodia do teu ser,
Que as sereias veneram e seguem… Como um discípulo
A seu mestre, os astros ao Sol.
Assim mesmo, a minha alma ilumina-se. És tu
O fósforo do meu espírito. Ouço nesta brisa nocturna
O entoar de ti, sei que estás aqui.
Vem, leva-me.
O caminho estende-se por um fio que percorre o cosmos,
Mas a dois a estrada apoia-se no nosso ombro, descansa
No nosso peito. A respiração das árvores envolve-me e
Deixo que a chuva leve os restos de mim.
Vem, leva-me.
A alvorada dá já ares de si e ouço por todo lado ecos
Do teu nome.
Corro a teu encontro. Há esta voz. Há esta voz que desnuda
A minha energia e me fala, me diz que estou no caminho certo.
Vem, leva-me.
Rendo-me a este brilho que me fala na escuridão.
Na voz calma da noite és tu que me abraças,
No calor da noite, montanhas movem-se dentro de mim.